Robótica se democratiza e acelera a produtividade industrial

A robótica deixou de ser restrita a grandes grupos industriais e está ao alcance de empresas de todos os portes
Mãos de humano e robô Crédito: Pexels

O setor de robótica está atravessando uma fase de transformação acelerada em múltiplas frentes. No Brasil, historicamente, a automação industrial foi puxada pelo setor automotivo, que protagonizou a adoção das primeiras grandes linhas robotizadas, mas esse cenário está mudando. Indústrias de alimentos e bebidas, farmacêutica, cosméticos, logística, e-commerce, metalurgia, plásticos e manufatura em geral já utilizam robôs para aumentar sua produtividade e competitividade.

“A robótica deixou de ser restrita a grandes grupos industriais. Hoje, ela está ao alcance de empresas de todos os portes”, afirma Adrian Covi, Gerente da Linha de Negócios de Indústrias da ABB Robótica na América do Sul, ao destacar que os robôs atuais são mais eficientes, compactos e adaptáveis, oferecendo mais flexibilidade, menor consumo de energia e resultados mais rápidos.

“Na ABB, já instalamos mais de 400 mil robôs em mais de 50 países, e a tendência é de crescimento, especialmente com o avanço de tecnologias colaborativas, móveis e fáceis de operar”, diz.

O fato é que já existem soluções que permitem às empresas automatizar processos de forma muito mais simples do que no passado. A operação de robôs está cada vez mais intuitiva, com interfaces fáceis de usar e recursos de modularização que permitem começar com aplicações menores e expandir conforme a necessidade. Isso facilita a adoção da automação em diferentes tipos de negócio.

“Na prática, já vemos robôs colaborativos trabalhando lado a lado com pessoas em tarefas de montagem, inspeção e embalagem, e robôs móveis autônomos (AMRs) realizando o transporte de materiais dentro de fábricas e centros logísticos de maneira inteligente e segura”, diz Covi.

“O próprio drone para entrega já é uma aplicação de robótica. E uma camada mais computacional, menos visível, os agentes de inteligência artificial que estão impactando bastante a questão de automação de tarefas”, complementa Rafael Valle, gerente de inovação da RNP.

De acordo com ele, há uma pressão, principalmente de investidores, para que as startups reduzam seu headcount a partir de automação apoiada por inteligência artificial.

Para Covi, no futuro próximo, essas soluções ganham ainda mais força com a integração de inteligência artificial, gêmeo digital e visão computacional. Isso significa inspeções totalmente automatizadas, classificação de produtos em tempo real e manipulação de objetos de diferentes formas e tamanhos.

Adrian Covi/Divulgação

“Além de ampliar a eficiência, essas tecnologias ajudam a reduzir desperdícios, economizar energia e prolongar a vida útil dos equipamentos — elementos centrais para uma produção mais sustentável. O caminho que se desenha é o de uma automação cada vez mais flexível, escalável e responsável com os recursos”, considera Covi.

Ele cita como exemplo o caso da Nestlé, em que a ABB desenvolveu uma célula robótica colaborativa inédita para a área de paletização das fábricas de chocolate da companhia no Brasil. Utilizando um robô industrial e a tecnologia SafeMove2, a solução foi capaz de melhorar a produtividade do processo de paletização em 53%, reduzir os custos de manutenção e contribuir para uma operação mais ágil e eficiente.

Além disso, diz ele, a robótica gera benefícios em segurança e ergonomia, reduzindo esforços repetitivos e a exposição de pessoas a ambientes de risco. Também contribui para produtos mais acessíveis e de melhor qualidade, já que aumenta a eficiência produtiva.

“Outro ponto fundamental é a sustentabilidade. Em Sorocaba, por exemplo, mantemos um centro de remanufatura e retrofit que prolonga o ciclo de vida dos robôs, reduzindo resíduos e apoiando a economia circular. Além disso, os novos sistemas de automação já vêm projetados para consumir menos energia, reforçando a produção responsável”, diz Covi.

De acordo com ele, o impacto vai além da estrutura da fábrica: há reflexos positivos na formação acadêmica e no fomento ao parque industrial brasileiro. “Centros de treinamento e parcerias com universidades ajudam a preparar profissionais para esse novo cenário tecnológico, garantindo mão de obra qualificada. Ao mesmo tempo, a expansão da automação fortalece a indústria local, aumenta a competitividade e atrai investimentos, criando um círculo virtuoso de inovação e desenvolvimento econômico”, comenta.

Crédito da imagem: Pexels

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