Robôs humanoides: a revolução que está prestes a sair da ficção científica

A estimativa é que até 2050 aproximadamente 1 bilhão de robôs possam estar presentes em diferentes setores da sociedade
Robô humanoide - reprodução AgiBot

Imagine um futuro em que seres humanoides de metal e circuitos caminham entre nós, trabalham ao nosso lado e interagem com naturalidade no dia a dia. Para muitos, essa ideia ainda parece saída de um roteiro de ficção científica, mas está mais próxima da realidade do que imaginamos.

Relatório divulgado recentemente pelo banco Morgan Stanley aponta que, em menos de uma década, milhões de robôs poderão estar integrados ao mercado de trabalho, desempenhando funções ao lado de seres humanos.

A estimativa é que até 2050 cerca de 1 bilhão de robôs possam estar presentes em diferentes setores da sociedade. E o mercado de humanoides pode ultrapassar US$ 5 trilhões até 2050, incluindo vendas de cadeias de suprimentos e redes para reparo, manutenção e suporte.

“A adoção deve ser relativamente lenta até meados da década de 2030, acelerando no final da década de 2030 e na década de 2040”, afirma Adam Jonas, chefe de pesquisa global de automóveis e mobilidade compartilhada do Morgan Stanley.

Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, explica que os robôs humanoides têm duas características que os definem. “A primeira é que eles são de uso geral. O que eu quero dizer com isso? Que tem vários robôs que são braços robóticos, têm uma atividade definida. Um exemplo são os robôs que estão em linhas automobilísticas, eles são fixos, têm uma tarefa, uso específico. E os humanoides não, eles podem ser programados para múltiplas tarefas”, comenta. “A segunda característica é a forma, eles são antropomórficos, remontam o corpo humano, ou seja, eles têm braços, pernas e podem ser usados para funções diversas”, complementa Igreja.

Dessa forma, eles podem ser usados para múltiplas tarefas. “Temos visto um avanço grande nesse sentido, é a grande aposta da Tesla. Recentemente, tivemos notícias, por exemplo, da BMW empregando esse tipo de robô nas suas linhas de montagem, ou seja, saindo dos robôs de aplicação específica para esses extremamente reconfiguráveis”, lembra Igreja.

Um dos grandes símbolos dessa revolução é a Boston Dynamics, a empresa que viralizou com seus vídeos, mostrando os robôs fazendo tarefas performáticas e realmente chegando perto dos movimentos dos humanos.

Tem uma série de outras aplicações, até mesmo no varejo, no atendimento.

De acordo com a pesquisa da Morgan Stanley, até 2050, cerca de 90% dos humanoides, ou aproximadamente 930 milhões de unidades, provavelmente serão usados ​​para trabalhos repetitivos, simples e estruturados — principalmente para fins industriais e comerciais. A China provavelmente terá o maior número de robôs humanoides em uso até 2050, com 302,3 milhões, seguida pelos Estados Unidos, com 77,7 milhões (acima da previsão anterior de 63 milhões).

“A previsão para o uso doméstico é muito mais conservadora, com apenas 80 milhões de humanoides em lares até 2050”, diz Jonas. “Não veremos um robô em cada casa da noite para o dia.”

Criar um humanoide de uso geral, capaz de realizar uma vasta gama de tarefas úteis em casa, exigirá progresso tecnológico tanto em hardware quanto em modelos de IA, o que deve levar cerca de mais uma década. Para que esses humanoides cheguem às residências, os preços precisam cair significativamente, paralelamente à aceitação regulatória e social desse uso de humanoides. “Quando chegarmos a esse estágio, o volume e a penetração humanoide devem aumentar rapidamente”, diz Jonas.

Igreja lembra que, no Japão tem uma discussão muito acalorada nesse sentido, que os robôs podem se tornar cuidadores, companhias. “Pela definição, como eles têm aplicação múltipla, a questão é muito mais de viabilidade tecnológica, técnica e encaixar com a tarefa que ele vai ser designado”, considera Igreja.

No Brasil, os humanoides podem ser vistos especialmente nos eventos de tecnologia e inovação, em grande parte controlados por controle remoto, são presentes com mais frequência. “E cada vez mais empresas estão importando para explorar esses casos de uso”, comenta Igreja.

Arthur Igreja – Crédito: Divulgação/Victor Hoffmann

MAIS ACESSÍVEIS

A Morgan Stanley Research estima que o custo de um humanoide giraria em torno de US$ 200 mil no ano passado em países de alta renda.

À medida que a tecnologia avança e os volumes de produção aumentam, os preços provavelmente cairão para cerca de US$ 150 mil até 2028 e US$ 50 mil até 2050, de acordo com a Morgan Stanley. Em países de baixa renda, que podem tirar mais proveito da cadeia de suprimentos chinesa mais barata, os preços podem cair para até US$ 15 até 2050.

Nesse ponto, a taxa de penetração nos EUA poderia variar de 3%, para famílias com renda entre US$ 50 mil e US$ 75 mil por ano, a 33%, para aquelas com renda anual acima de US$ 200 mil. Cerca de 10% das famílias americanas em geral poderão ter um humanoide até 2050, totalizando 15 milhões de unidades no país. Embora a China provavelmente tenha o maior número de humanoides, apenas 3% das famílias provavelmente possuem um humanoide, totalizando cerca de 4 milhões de unidades.

“Reconhecemos que, hipoteticamente, uma família média poderia ter mais de uma unidade, criando uma frota de mordomos humanoides”, diz Jonas. “No entanto, em nossas previsões, consideramos um humanoide por família neste momento.”

CUIDADOS

A novidade, no entanto, requer cuidados, conforme destacam especialistas. “Os cuidados estão relacionados a, antes de mais nada, não achar que eles são automaticamente a representação da substituição dos humanos. Os robôs humanoides ainda são muito limitados perto da gama de atividades que o ser humano consegue realizar”, afirma Igreja.

Além disso, é necessário ficar atento às questões relacionadas à segurança. “Vemos uma série de virais desses robôs até mesmo andando na rua, esbarrando nas coisas, trombando, até mesmo sendo atropelados. É fundamental respeitar as limitações que esses robôs ainda têm”, comenta Igreja.

Rafael Valle, gerente de inovação da RNP, comenta que ainda sobre o impacto no mercado de trabalho. “Acho que do ponto de vista do mercado de trabalho, muito importante investir nas capacitações”, diz Valle.

Igreja diz ainda que há questões éticas devem ser consideradas. “Os robôs humanoides não podem ser símbolo automático de substituição do ser humano. Tem até questões que envolvem próprio relacionamento com a máquina, que papel que ela assume socialmente no mercado de trabalho e até questões relacionadas à vigilância, pois são máquinas extremas do ponto de vista de sensores, câmeras, coleta de dados”, comenta Igreja.

Crédito da imagem: Reprodução AgiBot

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