REDATA acelera transformação do setor de data centers e consolida o Brasil como polo digital da América Latina

O setor de data centers vive um momento de virada no Brasil. A recém-criada Medida Provisória do ReData (Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura de Data Centers) promete impulsionar investimentos, reduzir custos e elevar o padrão tecnológico e ambiental da indústria.

O programa integra a Política Nacional de Data Centers (PNDC), vinculada à Nova Indústria Brasil (NIB), dentro da Missão 4 — Transformação Digital. A iniciativa busca impulsionar o crescimento nacional em áreas estratégicas da Indústria 4.0, como computação em nuvem, inteligência artificial, smart factories e Internet das Coisas (IoT), ampliando a capacidade do país em armazenar, processar e gerenciar dados de forma mais eficiente e segura.

Para empresas do setor, como a Ascenty, líder no mercado de datas centers América Latina, a medida representa um divisor de águas ao trazer segurança jurídica e previsibilidade tributária, fatores há muito tempo aguardados.

“A criação do ReData foi um passo decisivo para destravar investimentos e fortalecer a presença do Brasil no cenário global de data centers. A medida endereça pontos que há muito tempo eram uma preocupação do setor, especialmente em relação à previsibilidade e segurança tributária. Desde a publicação do texto, já percebemos uma movimentação concreta de clientes internacionais revisando cronogramas e antecipando decisões de investimento”, destaca Marcos Siqueira, CRO e Head de Estratégia da Ascenty.

Na visão do executivo,  o ReData reforça a posição do Brasil como um hub estratégico de dados e conectividade no continente — um passo importante diante da crescente demanda global por infraestrutura voltada à inteligência artificial, computação em nuvem e serviços digitais críticos

Por outro lado, a limitação na oferta de energia elétrica ainda é um dos principais entraves à expansão imediata da infraestrutura digital. Para superar esse desafio, empresas e associações como ABDC, Brascomm e TelComp têm trabalhado em conjunto para garantir a aplicação ágil dos benefícios do ReData.

Incentivos fiscais que destravam inovação

Entre os principais atrativos da MP está a desoneração na importação de equipamentos e componentes essenciais, como servidores, GPUs e sistemas de refrigeração — um movimento que deve reduzir significativamente os custos operacionais das empresas do setor.

“Esse é um fator determinante para reduzir o custo operacional, principalmente quando consideramos a demanda crescente por infraestrutura voltada à inteligência artificial e computação em nuvem”, diz Marcos Siqueira.

Marcos Siqueira, chief revenue officer e head de Estratégia da Ascenty

De acordo com o executivo da Ascenty, a medida corrige uma distorção histórica que tornava o ambiente de negócios brasileiro menos competitivo frente a outros mercados.

“O ReData corrige essa distorção e torna o país mais atrativo para investimentos. Além disso, a medida traz previsibilidade e segurança jurídica, permitindo que as empresas consigam planejar suas expansões de forma estruturada e sustentável”.

Outro ponto importante, na visão do executivo, é que os benefícios fiscais vêm acompanhados de contrapartidas, como investimentos em pesquisa, desenvolvimento e sustentabilidade, reforçando o compromisso do setor com a inovação e com práticas ambientais responsáveis.

“ O ReData não apenas reduz custos, mas também eleva o padrão de operação da indústria no Brasil – sendo uma medida importante para o setor de infraestrutura crítica como um todo”, afirma.

Essa contrapartida é vista como um motor de inovação: empresas que aderirem ao regime deverão destinar parte dos incentivos a projetos de P&D voltados a eficiência energética, automação e segurança digital.

Energia limpa como vantagem competitiva

O Brasil tem um diferencial estratégico raro: quase 90% de sua matriz energética é renovável, o que coloca o país na dianteira em sustentabilidade dentro do mercado global de data centers.

A Ascenty já opera 100% com energia renovável e possui certificação internacional para isso. No entanto, o desafio do setor é garantir disponibilidade de energia limpa e estável em ritmo compatível com a expansão da demanda digital. A companhia tem trabalhado em conjunto com o Ministério de Minas e Energia e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), buscando mecanismos que acelerem a liberação de capacidade e assegurem que as regiões com maior demanda digital tenham fornecimento adequado.

Para as empresas, as exigências do ReData — como neutralidade de carbono e uso de fontes renováveis — não são barreiras, mas aceleradores de um novo padrão operacional alinhado à agenda ESG.

“Elas incentivam que as empresas planejem seus investimentos de forma mais responsável e sustentável, alinhando crescimento econômico à eficiência energética”.

Novos polos digitais e descentralização

Embora grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza continuem concentrando a maior parte da conectividade e da infraestrutura digital do país, o ReData deve impulsionar uma nova fase de expansão geográfica do setor.

Com incentivos fiscais e maior previsibilidade regulatória, o programa cria condições para que estados do Sul, Centro-Oeste e Norte-Nordeste se tornem polos emergentes, ampliando o mapa de investimentos em data centers no Brasil.

Com a redução de custos e maior previsibilidade trazida pelo ReData, projetos que antes não eram viáveis economicamente podem se tornar realidade. Isso tende a descentralizar os investimentos, impulsionar o desenvolvimento regional e gerar empregos qualificados em novas localidades.

“O ReData tem potencial para descentralizar de forma expressiva a instalação de data centers. Hoje, polos como São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza se destacam pela infraestrutura consolidada de conectividade e energia, mas já identificamos oportunidades concretas em regiões próximas a novas rotas de transmissão e cabos submarinos”, destaca Siqueira .

Com redução de custos e segurança regulatória, projetos que antes eram economicamente inviáveis podem sair do papel. Essa descentralização tende a impulsionar o desenvolvimento regional, gerar empregos qualificados e ampliar o alcance da economia digital.

Para o executivo, o ponto-chave, no entanto, continua sendo a disponibilidade de energia e conectividade. “Onde houver essas condições, veremos um avanço natural de novos polos surgindo, impulsionados pela demanda crescente de IA e serviços em nuvem”.

Soberania digital e ecossistema de pesquisa

A MP também tem um papel estratégico na soberania digital brasileira ao incentivar que dados e operações críticas sejam mantidos dentro do território nacional, reduzindo a dependência de infraestruturas estrangeiras e garantindo maior segurança e autonomia digital.  Há ainda a exigência de destinar parte dos benefícios à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação é fundamental. “Isso estimula o surgimento de tecnologias e soluções locais, fomentando um ecossistema de inovação que historicamente dependia de importações”, aponta.

Próximos anos: expansão sustentável e tecnológica

Nos próximos cinco a dez anos, o ReData deve acelerar a expansão da infraestrutura digital brasileira, com impacto direto na geração de empregos e na competitividade global do país. Combinando incentivos estruturais, energia limpa e conectividade internacional robusta, o Brasil tem condições de liderar a operação de data centers sustentáveis na América Latina.

 “Do ponto de vista de infraestrutura, esperamos uma expansão significativa de capacidade, com novos polos emergindo em regiões que hoje ainda são pouco exploradas, sempre guiados pela disponibilidade de energia e conectividade. Isso significa mais investimentos, empregos qualificados e um ecossistema de tecnologia mais robusto no país”, aposta.

Em termos de sustentabilidade ambiental, o impacto também será expressivo: “Com a exigência de energia limpa, eficiência operacional e políticas de neutralidade de carbono, o setor vai  consolidar padrões elevados de operação. Sendo assim, o Brasil, com sua matriz energética majoritariamente renovável, clima estável e recursos naturais abundantes, tem todas s condições de liderar globalmente na operação de data centers sustentáveis”, comemora.

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