Com apoio da IA, jurimetria avança e muda a prática jurídica no Brasil

Tecnologia baseada em IA e uso de plataformas como WhatsApp tornam o acesso a dados jurídicos mais rápido, estratégico e fundamentado em evidências
IA Advogados Crédito: Freepik

A jurimetria vem ganhando espaço no mercado jurídico brasileiro, impulsionada pelo uso crescente da inteligência artificial e pela integração com ferramentas de comunicação amplamente utilizadas, como o WhatsApp.

A combinação dessas tecnologias está transformando a forma como advogados, empresas e gestores acessam e utilizam informações jurídicas, tornando o setor mais eficiente, estratégico e baseado em evidências.

Baseada na análise de grandes volumes de dados processuais e normativos, a jurimetria aplica métodos estatísticos ao direito para identificar padrões, estimar prazos e custos e antecipar riscos em disputas judiciais ou negociações.

Essa abordagem reduz a subjetividade nas decisões e oferece suporte técnico tanto a escritórios de advocacia quanto a departamentos jurídicos corporativos.

“Através do uso de inteligência artificial e jurimetria, estamos transformando o direito: de uma justiça guiada pelo que chamo de “dataxismo”, ou seja, um achismo disfarçado de uso de dados, em que as decisões não são verdadeiramente baseadas em análises sólidas, para uma justiça data driven, orientada por dados”, diz Daniel Marques, presidente da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L).

Ele lembra que esses dados estão permitindo uma melhor tomada de decisão sobre como estabelecer o processo, montar as peças e as defesas, gerando maior eficiência e previsibilidade na obtenção dos resultados.

“Por meio da jurimetria e da inteligência artificial, é possível saber se vale a pena ou não litigar e qual é a probabilidade de ganho. A inteligência auxilia na estruturação dos dados, assim como na redação dessas peças. Ao final, o advogado estará sempre validando”, comenta Marques.

A legaltech brasileira Revio é um exemplo desse movimento. A empresa lançou uma funcionalidade que conecta sua plataforma de jurimetria, batizada de Oraqulo, diretamente ao WhatsApp. A ferramenta utiliza IA para fornecer atendimentos automatizados, com acesso a convenções coletivas, normas legais e atualizações processuais em tempo real, incluindo custos, histórico e próximos passos.

Para Edson Hideki, sócio-fundador da Revio, a junção entre jurimetria e inteligência artificial representa um avanço significativo na gestão de riscos jurídicos e fiscais. “Mais do que automatizar, buscamos agregar inteligência e estratégia às decisões, ajudando o usuário a agir de forma mais segura e fundamentada”, afirma.

Edson Hideki/Divulgação

Apesar do avanço tecnológico, Hideki ressalta que o papel da IA é de apoio, e não de substituição. “A palavra final é sempre do ser humano. Cabe ao advogado, juiz ou gestor interpretar o contexto e aplicar a lei com responsabilidade e discernimento”, completa.

Vale destaca que uma das principais vantagens do uso da tecnologia é de conseguir analisar grande volume de dados em pouco tempo. A Questor Sistemas, por exemplo, lançou recentemente uma inteligência artificial integrada ao sistema, treinada a partir das regras, instruções, orientações e regras contábeis da própria plataforma.

A solução IA Questor já demonstrou resultados concretos na rotina dos clientes: em junho deste ano, mais de 60 mil perguntas foram respondidas, com 66% delas classificadas como úteis e resolutivas.

“A diferença está nos dados que alimentam a inteligência. Essa IA não é uma assistente genérica, mas sim um recurso treinado com os dados internos, notas técnicas, fluxos e regras de negócio da Questor. Ela entende o que o usuário está perguntando porque conhece os processos do sistema e o raciocínio contábil por trás deles”, afirma Guilherme Pellegrini, diretor de operações da Questor.

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