A Mattel, gigante mundial na fabricação de brinquedos como Barbie e Hot Wheels, anunciou recentemente uma parceria com a OpenAI, criadora do ChatGPT, para lançar brinquedos que utilizam inteligência artificial. A novidade promete chegar ao mercado ainda neste ano e já gera debates sobre impactos no desenvolvimento infantil.
De acordo com a empresa, os novos brinquedos terão a capacidade de interagir com as crianças por meio de conversas, contação de histórias e até ensino de conceitos básicos de matemática e linguagem.
O projeto inclui sistemas robustos de segurança e privacidade, além de um aplicativo que permitirá aos pais acompanhar e estabelecer limites de uso.
Para a professora e especialista em educação Raquel Ponchio, a notícia merece atenção especial.

Raquel Ponchio/Divulgação
“Isso afeta diretamente o brincar de nossas crianças. Se por um lado esse brinquedo inteligente pode trazer benefícios para o desenvolvimento cognitivo, por outro lado pode causar uma certa dependência emocional ou mesmo dificuldade nas relações sociais”, alerta.
Ela explica que a interação entre crianças é essencial para lidar com frustrações e aprender a resolver conflitos. “Quando a criança interage com outra criança, ela se frustra, existe resistência, e a gente não sabe ao certo como será esse brinquedo”, provoca a especialista.
O anúncio reforça a tendência global de integração entre tecnologia e infância, mas levanta dúvidas importantes entre pais e educadores sobre até que ponto a inteligência artificial deve estar presente no universo lúdico das crianças.
“A iniciativa da Mattel em criar brinquedos com inteligência artificial pode trazer benefícios interessantes, como estimular o raciocínio, a linguagem e o aprendizado de conceitos básicos de forma interativa”, considera Luciana Xavier psicóloga Neuropsicóloga responsável pela clínica Neuropsicolux.

Luciana Xavier/Divulgação
Porém, afirma a especialista, é preciso atenção. Para ela, a presença excessiva de IA no brincar pode reduzir o contato entre crianças e, consequentemente, dificultar o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais essenciais.
“É empolgante ver a tecnologia sendo incorporada ao universo infantil, potencializando aprendizado e criatividade. Mas precisamos equilibrar: brincar também é sobre conviver, frustrar-se e resolver conflitos, experiências que um brinquedo de IA não substitui”, diz
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