A Microsoft está acelerando o uso de agentes de inteligência artificial (IA) para automatizar atividades antes realizadas por humanos, especialmente no desenvolvimento de software. A empresa vê nesses agentes um caminho para aumentar a produtividade ao permitir que tarefas ocorram de forma autônoma em segundo plano. No entanto, enquanto a liderança aponta ganhos concretos, parte dos engenheiros permanece cautelosa quanto ao impacto da tecnologia no trabalho diário e nos cargos de entrada.
Segundo informações do Olhar Digital, o CEO Satya Nadella afirmou que até 30% do código de alguns projetos internos já é escrito por IA. Mesmo com esse avanço, há ceticismo entre desenvolvedores sobre a capacidade da automação substituir tarefas mais complexas. Para a empresa, o foco está justamente no oposto: reduzir esforços repetitivos em um ecossistema de mais de 100 mil repositórios ativos, que incluem desde sistemas legados até programas recentes.
Amanda Silver, vice-presidente corporativa da equipe CoreAI, explica que a adoção busca atacar gargalos reais: “Aplicamos IA onde há mais ineficiência para liberar tempo dos times. Eles querem criar e inovar. A IA permite isso.”
Automação integrada ao fluxo de trabalho
O movimento ganhou força em maio, quando o GitHub Copilot recebeu um agente capaz de montar ambientes de desenvolvimento, executar tarefas técnicas e gerar rascunhos de pull requests. Segundo a Microsoft, essa automação pode economizar de 30 minutos a até duas semanas de trabalho, dependendo da atividade.
Equipes internas relatam ganhos expressivos. A migração do serviço principal do Xbox para o .NET 8, por exemplo, foi concluída com uma redução de 88% no trabalho manual. Mesmo assim, o uso da tecnologia ainda é desigual entre os times, e algumas áreas adotam as ferramentas de forma mais lenta que o esperado.
Preocupações internas e o futuro da profissão
O avanço de agentes autônomos reacende preocupações sobre o impacto da IA em funções de desenvolvedores juniores, tradicionalmente responsáveis por tarefas repetitivas que agora passam a ser automatizadas. Silver afirma que o objetivo não é substituir esses profissionais, mas permitir que dediquem mais tempo a atividades criativas e estratégicas.
“A intenção é liberar os desenvolvedores das partes mais monótonas do processo. A IA deve complementar, não substituir”, diz.
Com ganhos já perceptíveis e testes em expansão, a Microsoft sinaliza que a próxima fase do desenvolvimento de software dependerá cada vez mais da colaboração entre humanos e agentes de IA, uma transição que promete eficiência, mas também exige adaptação das equipes.
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