Desde que a inteligência artificial generativa (GenAI) começou a se popularizar em 2022, setores com maior exposição à tecnologia — como os de serviços financeiros e desenvolvimento de software — passaram por um aumento significativo na produtividade. É o que mostra o Barômetro Global de Empregos em IA de 2025, divulgado recentemente pela PwC.
De acordo com o levantamento, o avanço nessas áreas quase quadruplicou, saindo de 7% entre 2018 e 2022 para 27% entre 2018 e 2024.
“Esta pesquisa mostra que o poder da IA para entregar resultados às empresas já está sendo percebido. E estamos apenas no início da transição. À medida que implementamos a Agentic AI em escala empresarial, vemos que a combinação certa de tecnologia e cultura pode criar novas oportunidades significativas para reimaginar como as organizações trabalham e criam valor”, disse Carol Stubbings, diretora comercial global da PwC.
Por outro lado, setores menos impactados pela IA, como mineração e hotelaria, tiveram uma leve desaceleração. A produtividade, que havia crescido 10% no período inicial, recuou para 9% no mesmo intervalo.
“Os dados do relatório da PwC são particularmente reveladores e merecem análise cuidadosa. O crescimento quase quadruplicado da produtividade nos setores mais expostos à IA entre 2018 e 2024 representa uma das transformações mais significativas observadas na produtividade empresarial em décadas”, afirma Victoria Luz, especialista em IA e consultora de IA para negócios.
De acordo com ela, a credibilidade desses dados é reforçada pela metodologia robusta da PwC, que analisou quase 1 bilhão de anúncios de emprego e milhares de relatórios financeiros empresariais de seis continentes.
“O contraste com setores menos expostos à IA – onde a produtividade caiu de 10% para 9% – sugere que estamos presenciando uma verdadeira divergência tecnológica entre indústrias”, afirma a especialista.
Para ela, a IA está revolucionando a produtividade empresarial através de múltiplos mecanismos fundamentais:
- Automação de Tarefas Repetitivas: A IA pode absorver 60-70% do tempo dos funcionários gastos em atividades mundanas, permitindo que se concentrem em trabalhos de maior valor agregado. Estudos recentes mostram que trabalhadores economizam em média 2,8% de suas horas de trabalho através da adoção de IA, com alguns casos relatando reduções de tempo de tarefa de 90 para 30 minutos.
- Melhoria na Tomada de Decisões: Sistemas de IA analisam vastos conjuntos de dados para identificar padrões e fornecer insights em tempo real. No setor financeiro, por exemplo, a IA está melhorando a precisão de previsões e otimizando processos de fechamento contábil.
- Personalização em Escala: A IA permite que empresas ofereçam experiências personalizadas aos clientes em massa, automatizando fluxos de trabalho baseados em dados em tempo real para aumentar engajamento e fidelidade
- Aumento da Qualidade: Em consultoria, o uso de IA resultou não apenas em 25% mais eficiência e 12% mais tarefas completadas, mas também em 40% mais qualidade no trabalho produzido. Na área jurídica, o modelo o1 da OpenAI aumentou a produtividade de advogados entre 34% e 240% em seis fluxos de trabalho legais.
“Nem todos os setores se beneficiam igualmente”, reforça Victoria Luz.
Ela destaca que, embora a IA ofereça oportunidades transformadoras, nem todos os setores podem se beneficiar de forma igual, e alguns enfrentam barreiras significativas.
Entre esses setores, Victoria comenta que indústrias como alimentação, têxtil, madeira, papel e construção exibem baixa intensidade de IA.
“Isso não necessariamente significa que estão ficando para trás, mas reflete necessidades tecnológicas específicas ou barreiras únicas. A construção, por exemplo, é limitada pela natureza física de muitas de suas atividades”, diz.
É importante destacar que a implementação bem-sucedida de IA requer mais do que apenas tecnologia. Pesquisas identificam seis fatores críticos: conhecimento do negócio, base de conhecimento estruturada, viabilidade técnica, validação contínua, cultura organizacional favorável e liderança comprometida.
“Apenas 26% das empresas desenvolveram as capacidades necessárias para gerar valor tangível além de provas de conceito. Isso sugere que o potencial da IA ainda está largamente inexplorado na maioria das organizações”, finaliza Victoria.
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