IA permite maior volume de trabalho no mesmo espaço de tempo e amplia produtividade

A inteligência artificial tem um papel cada vez mais relevante na produtividade empresarial
Produtividade nas empresas Crédito: Pexels

Projeções recentes da Pearson, através da pesquisa Skills Outlook – Solving the Tech Talent Gap from Within, mostram que profissionais de tecnologia no Brasil poderão economizar, em média, de 1,8 a 2,6 horas por semana com o uso eficaz de tecnologias como automação de processos (RPAs) e modelos de linguagem aplicados no cotidiano (LLMs como Chat GPT e Google Gemini).

“Dentro de uma visão macroeconômica, países como Estados Unidos, China, Reino Unido, Índia e Austrália, que também entraram na sondagem e que possuem maior maturidade tecnológica, estão na liderança, agregando produtividade nos negócios”, diz Gustavo Jota, especialista em produtos digitais e executivo da Ativos Capital.

De acordo com ele, estes países ganham diversos dias a mais por mês uma vez que a inteligência artificial permite um maior volume de trabalho no mesmo espaço de tempo. “De forma geral, entre 5,8 e 8,8 horas por semana poderiam ser poupadas em 5 anos”, complementa Jota.

Ele comenta ainda que a inovação real só faz sentido quando é aplicável, escalável e gera algum tipo de resultado mensurável. “Por isso, nossa visão é pragmática: a tecnologia deve automatizar tudo que é repetitivo, é conhecido e seguro para que as pessoas se dediquem no que importa: validação, desenho de estratégias e tomada de decisão”, diz Jota. 

De fato a IA tem um papel cada vez mais relevante na produtividade empresarial. “O principal ganho está na automatização de tarefas operacionais e repetitivas, que antes exigiam tempo e esforço humano, mas que agora podem ser executadas com mais agilidade e menor margem de erro”, considera Matheus Gil de Oliveira, advogado do Santos Côrte Real Advogados.

Para ele, ferramentas baseadas em IA contribuem, por exemplo, na triagem inteligente de e-mails, organização de documentos, análise de grandes volumes de dados e até na geração de insights estratégicos a partir de padrões de comportamento e consumo. “Com isso, os times ganham tempo para se dedicar a atividades de maior valor agregado, como a tomada de decisões, a criação de soluções e o relacionamento com clientes”, afirma.

Para Oliveira, a produtividade, nesse contexto, deixa de ser apenas uma questão de velocidade e passa a envolver também qualidade e inteligência no uso do tempo.

Aliada da produtividade

Thiago Guedes Pereira, CEO da Deserv, lembra que uma pesquisa da Bain & Company mostrou que empresas brasileiras que adotaram IA generativa viram em média um aumento de 14% na produtividade e um crescimento de 9% nos resultados financeiros.

“E não é só isso: o percentual de empresas nacionais com pelo menos um caso de uso de IA dobrou de 12% em 2024 para 25% em 2025. Para 17% das companhias entrevistadas, a IA já se tornou o principal destino de investimentos em tecnologia. Em outras palavras, deixou de ser hype distante pra virar realidade estratégica dentro das corporações”, diz Pereira.

Elaine Coimbra, palestrante, professora e vice-presidente de comunicação e marketing da Abria (Associação Brasileira de Inteligência Artificial), destaca que a IA não é só uma automação de tarefas chatas e repetitivas.

“É um multiplicador de capacidade. Ela tira do caminho o que é repetitivo, abre espaço para equipe focar em decisões estratégicas alto e ainda cruza dados que, sozinho, você levaria meses para analisar”, diz.

Ela cita que o GPT-4.1, por exemplo, já atua como uma plataforma de produtividade. “Ele não só gera texto, mas interpreta planilhas, faz scraping de dados, roda simulações e ainda pode lembrar do seu estilo e demandas é quase um assistente pessoal que evolui com você”, afirma.

“Empresas que entendem isso deixam de usar IA como ‘fazedor de textinho bonito’ e passam a usá-la para organizar informação, ganhar tempo e tomar decisões mais embasadas. Mas tem um detalhe: sem base de dados completas, bons prompts e uma lógica clara de uso, é como ter uma Ferrari e só usar para buscar pão na padaria”, considera.

Ao automatizar atividades repetitivas, tarefas de baixo valor e processos burocráticos, a IA libera o potencial humano para aquilo que realmente faz diferença: pensar estrategicamente, inovar e gerar impacto.

“Mas é essencial entender que IA não é uma bala de prata. Seu real poder vem da combinação com uma cultura organizacional que valorize dados, aprendizado contínuo e experimentação. A produtividade aumenta não só porque se economiza tempo, mas porque se cria espaço para decisões mais embasadas, redução de erros e antecipação de tendências”, comenta Elaine.

Processo estratégico

Oliveira avalia ainda que a incorporação da IA nas empresas não é um processo meramente técnico, mas também estratégico e cultural.

“A tecnologia, por si só, não resolve nada — é preciso que ela esteja integrada a uma visão clara de negócio, com governança adequada, ética no uso dos dados e preparo das equipes para lidar com essas mudanças”, diz o advogado.

Além disso, lembra ele, a regulação sobre IA está evoluindo, e empresas que se anteciparem em adotar boas práticas de transparência e responsabilidade terão vantagem competitiva.

“Em resumo: produtividade com IA é possível, sim — mas ela vem acompanhada de uma nova forma de pensar o trabalho, a liderança e a gestão do conhecimento dentro das organizações”, finaliza.

Crédito da imagem: Pexels

Artigo Anterior

Nvidia planeja lançar novo chip de IA projetado para a China

Próximo Artigo

Pela 1ª vez na história, robô faz cirurgia guiado por IA sem interferência humana

Escreva um comentário

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *